ACTAS  
 
8/26/2013
Jantar de Abertura
 
Carlos Coelho

Minhas senhoras e meus senhores, dou início ao jantar formal de abertura cumprimentando todos os presentes.

 

Como vão aperceber-se, todos os nossos jantares começam com um momento cultural e os próximos jantares serão da vossa iniciativa. Cada grupo será convidado a fazer o mesmo que nós vamos hoje fazer isto é, cada dois grupos iniciará o jantar escolhendo um poema e declamando-o. Nesta primeira noite em que os grupos ainda não se organizaram não seria justo dar essa tarefa e por isso fomos nós que escolhemos o primeiro poema, que vos foi distribuído para juntarem à vossa informação.

 

Quem vai ler "Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya” vai ser o Paulo Pinheiro. Esta é uma obra do século XIX, que tem a ver com uma revolta dos espanhóis, dos nossos colegas, amigos da Península Ibérica, contra a dominação francesa. Os franceses fuzilaram cerca de quatrocentas pessoas, isso levou ao levantamento do povo de Madrid contra os invasores franceses e Goya fez em 1814 esta tela que revela no seu traço tudo o que é a estupidez da guerra, quando os homens em vez de porem a inteligência ao serviço da resolução dos problemas resolvem-nos de armas na mão e da forma mais cruel.

 

Jorge de Sena, um grande poeta português, escreveu uma prosa poética de que gosto muito: "Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”. É uma obra que ele escreveu a olhar para esta tela e a dar um testemunho de vida aos seus filhos. Jorge de Sena teve oito filhos, uma prole numerosa, e é este texto fantástico que o Paulo Pinheiro vai ler e abrir este jantar.

 

[DECLAMAÇÃO DE POEMA; APLAUSOS]

 

Senhor Dr. Marco António Costa, Senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, Dr. António Ribeiro, Senhor Dr. Ricardo Rio, Senhores Deputados Hugo Soares, Duarte Marques, Nuno Matias, Cristóvão Crespo e Simão Ribeiro, senhores conselheiros, senhores avaliadores, minhas senhoras e meus senhores.

 

Neste jantar presidido pelo Dr. Marco António, temos sempre uma tradição que é de saudar o Presidente da Câmara de Castelo de Vide. Fazemo-lo não apenas porque ele é o nosso anfitrião ou porque é de bom tom respeitar o autarca enquanto representante de todos os munícipes ou em gesto de agradecimento pela notável hospitalidade que ele nos tem dado sempre, mas fazemo-lo também porque precisamos de ter na nossa vida política bons exemplos. O Dr. António Ribeiro é um evidente caso de bom exemplo. Ele acompanhou toda a história da Universidade de Verão (UV) e desde 2003 que está connosco. É um cidadão independente que foi convidado pelo Partido Social Democrata (PSD) para encabeçar a lista candidata a Castelo de Vide. Encontrou uma câmara dirigida pelo Partido Socialista (PS) altamente endividada e ao longo destes anos em que foi Presidente da Câmara, reforçando o apoio eleitoral nas eleições seguintes, é um exemplo de que um cidadão empenhado não precisa de estar num partido para dizer "sim” a uma lista partidária.

 

Num momento em que vemos tantos falsos independentes, que são candidatos a independentes porque se zangaram com os partidos, está aqui um verdadeiro independente que aceitou ser candidato por um partido e depois de ser eleito fez uma obra notável. Na vida política em Portugal não haverá muitos casos de uma pessoa que passados doze anos pode olhar na cara o seu eleitorado dizendo: "Eu resolvi os problemas financeiros, fiz o saneamento financeiro da minha autarquia, eu fiz obra, mereci a vossa confiança e fi-lo sempre com uma integridade pessoal e honestidade” que reporta àquilo que eu vos disse citando Francisco Sá Carneiro quando dizia que "a política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”.

 

O Dr. António Ribeiro é um bom exemplo da condução dos assuntos públicos e assim sendo, no último acto público do Dr. António Ribeiro enquanto presidente municipal no mandato que vai terminar agora, nesta UV agradeço-lhe todo o apoio que nos deu desde 2003 nesta iniciativa. Saúdo o exemplo que nos dá de homem político íntegro e recto. Agradeço o testemunho de participação cívica que deu a Castelo de Vide e a todos aqueles que puderam privilegiar da sua presença ao longo destas edições.

 

Peço-vos que ergam o vosso copo em nome desejando os melhores sucessos pessoais e profissionais ao Presidente da Câmara de Castelo de Vide, Dr. António Ribeiro.

 

[APLAUSOS E BRINDE]


 
António Manuel Ribeiro

Excelentíssimo deputado ao Parlamento Europeu, Carlos Coelho, excelentíssimo Presidente da Juventude Social Democrata (JSD), deputado Hugo Soares, excelentíssimo senhor secretário-geral do PSD, deputado José Matos Rosa, excelentíssimo senhor Coordenador Permanente da Comissão Política Nacional do PSD, Dr. Marco António Costa, excelentíssimo senhor Dr. Ricardo Rio, excelentíssimo senhor deputado Cristóvão Crespo, Presidente da distrital do PSD de Portalegre, excelentíssimo senhor Presidente da Comissão Política da secção Dr. José Miranda, excelentíssimos senhores deputados, excelentíssimos alunos e convidados.

 

Pela 11ª vez na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide e em jeito de despedida cabe-me a honra e o privilégio de dar as boas-vindas a todos os participantes neste projecto, não só aos organizadores como também aos alunos, conferencistas, Comunicação Social e colaboradores. Todavia, nunca será demais relevar e agradecer a competência e o empenho do excelentíssimo deputado Carlos Coelho e dos seus colaboradores na realização desta UV em Castelo de Vide desde 2003 até hoje. O meu muito obrigado, Dep. Carlos Coelho, por ter conseguido a realização deste evento nesta vila de Castelo de Vide, ano após ano, em meu nome pessoal e dos castelo-videnses, nomeadamente dos moradores deste concelho.

 

Como sabemos, este meu terceiro e último mandato está prestes a terminar e faço votos de que Vossa Excelência, Dep. Carlos Coelho, consiga continuar a realizar este evento nesta vila de Castelo de Vide que tão crescida se encontra de eventos grandiosos desta natureza. Durante quase oito dias consecutivos, nomeadamente neste Hotel Sol e Serra que consegue ocupação completa neste espaço no interior de Portugal, distante dos centros de decisão de Lisboa. Assim, aproveito também esta oportunidade para agradecer o apoio que o PSD sempre me proporcionou nos assuntos necessários ao município de Castelo de Vide e à sua população e faço nomeadamente na pessoa do secretário-geral Matos Rosa que bem se deve lembrar das dificuldades de então.

 

Não me quero alongar e desculpem-me a imodéstia, a maçada de recorrer a números, mas em boa verdade quero dar aqui nota de que quando tomei posse em 2002 o município era devedor à Banca e a fornecedores de cerca de dois milhões de euros, hoje o município deve à Banca cerca de 600 mil euros que não foram pagos por estarem a vencer juros baixos. O saldo em tesouraria ronda os 940 mil euros após ter executado obras físicas e projectos de desenvolvimento que são do conhecimento público no valor de cerca de 9 milhões de euros, adquirindo o peso de equipamentos no valor de 2.200 milhões de euros. Consequentemente, esses projectos realizados também se consubstanciaram num significativo aumento de turistas e visitantes. Este facto traduziu-se, naturalmente, numa mais-valia para o concelho com uma projecção nacional e mesmo internacional, bem como os empresários que aqui se sediaram na área do turismo.

 

Assim, sendo termino com votos de bom trabalho. Muito obrigado.

 

[APLAUSOS]

 
Carlos Coelho

Senhor Presidente da Câmara de Castelo de Vide, senhor doutor Ricardo Rio, senhores deputados da Assembleia da República, minhas senhoras e meus senhores, começámos este jantar formal de abertura da UV 2013 saudando o autarca da terra, um grande exemplo de autarca, de homem com intervenção cívica, e pela 3ª vez em 11 anos convidámos alguém para fazer uma intervenção no jantar de abertura da UV.

 

Só ocorreu duas outras vezes: aquando do Dr. Carlos Costa Neves, que foi Ministro da Agricultura foi candidato a presidente do Governo Regional dos Açores e, no ano passado, quando a Dr.ª Berta Cabral lhe sucedeu nessa corrida para a presidência. Achámos que em ano de eleições autárquicas fazia sentido usar o mesmo precedente e convidar o Dr. Ricardo Rio que é um exemplo de quadro político que nos diz muito.

 

É um homem que começou a sua intervenção cívica enquanto dirigente estudantil, foi dirigente associativo na Faculdade de Economia do Porto, foi membro dos órgãos directivos dessa universidade em representação dos alunos. Hoje, é docente universitário na universidade esteve dos dois lados da barricada, enquanto estudante activo e agora como professor. O Dr. Ricardo Rio é desde 2005 vereador na Câmara Municipal de Braga. Muitas vezes, de forma errada, na política portuguesa pensamos que alguém que não ganha à primeira vez deve ser colocado no caixote do lixo. Na política portuguesa e mesmo nas nossas hostes temos, infelizmente, muitos exemplos disso, mas se olharmos lá para fora pessoas muito distintas como o ex-Presidente da República francês Jacques Chirac, ou falando português o ex-Presidente Lula da Silva que concorreu quatro vezes antes de ganhar, dão-nos exemplos diferentes.

 

Muitas vezes, é necessário ir várias vezes para ganhar experiência, visibilidade, prestígio e conhecimento da realidade. É a terceira vez que o Dr. Ricardo Rio se candidata à presidência municipal de Braga e nós estamos todos muito convencidos que à terceira é de vez.

[APLAUSOS]

 

Não apenas porque a Câmara Municipal de Braga, dirigida pelo PS, está em grande erosão - aquilo que de pior podemos encontrar na gestão socialista é claramente na Câmara de Braga -, mas porque o Dr. Ricardo Rio ao longo deste trajecto político que tem feito tem acrescentado mais experiência, mais visibilidade e mais capacidade de dar resposta aos problemas da sua terra.

 

Não sou cidadão de Braga, mas todos aqueles com quem tenho conversado dizem-me que se há autarca que tem conseguido alargar o seu espaço ao longo dos anos é o nosso convidado de hoje, o Dr. Ricardo Rio.

 

Assim sendo, iniciando uma tradição que vão ouvir muitas vezes ao longo destes jantares-conferências, digo que o Dr. Ricardo Rio tem como hobby um vício nada recomendável, mas de infância de que espera não se libertar que é jogar jogos electrónicos, em especial simuladores de treinadores de futebol; a comida preferida - como bom minhoto - é Papas de Sarrabulho com Rojões, mas diz que come de tudo, diz que é uma "boa-boca” em geral. O animal preferido é o Leão (não só por isso, mas também, o resto está tudo dito).

 

[RISOS]

 

"Cartas a um jovem político” de Fernando Cardoso é o livro que nos sugere e o filme é "Forrest Gump”, pois diz que a vida é mesmo uma caixa de chocolates. A qualidade que mais aprecia é o sentido de humor.

 

Connosco, no jantar formal de abertura da UV 2013, o Dr. Ricardo Rio, o próximo Presidente da Câmara Municipal de Braga.

 

[APLAUSOS]

 
Ricardo Rio

Muito boa noite a todos. Boa noite, magnífico reitor da UV. É assim que tratam academicamente quem assume esta responsabilidade e quem o faz de forma tão exemplar como o Carlos Coelho tem-no feito ao longo dos últimos onze anos, como aliás em todas as organizações em que ele tem participado onde os testemunhos que sempre nos dão, desde os velhos tempos da JSD - onde partilhamos amigos comuns -, foi sempre de uma dedicação extraordinária, de uma capacidade e competência, que todos vocês se calhar vão conhecer melhor ao longo desta semana.

 

Cumprimentar o senhor Presidente da Câmara: muito obrigado por nos acolher aqui em Castelo de Vide e por ser o governante de uma terra bonita como esta. Seguramente todos aqueles que estão aqui hoje serão porta-vozes desta promoção que a terra merece também.

 

Cumprimentar todos os presentes e de uma forma muito especial aquele que é o meu director de campanha, um cargo menos nobre do que normalmente exerce, que é o vosso e meu companheiro e amigo Hugo Soares. Dá-me uma satisfação muito especial de ter esta oportunidade histórica de participar nesta sessão de abertura da UV e de o fazer com um grande amigo a presidir a JSD e ao Carlos Coelho que me endereçou este convite o meu muito obrigado.

 

Obviamente, o contexto com que fui aqui apresentado e se centra na minha acção é o de ser autarca e no contexto particular das próximas eleições autárquicas que se irão realizar no dia 29 de Setembro. Penso que este acto eleitoral é um acto, como todos os outros que o antecederam, notável do ponto de vista da Democracia, porque este como nenhum outro é um acto eleitoral que a nível nacional movimenta milhares e milhares de pessoas desde às assembleias de freguesias às assembleias municipais, às câmaras municipais. Os diferentes partidos políticos, os movimentos independentes, reúnem a sua disponibilidade e capacidade ao serviço das suas gentes. E isso, por si só, é o expoente máximo do funcionamento da Democracia e por isso devia ser devidamente valorizado.

 

Começaria esta intervenção por dizer que vejo com alguma desilusão, de forma recorrente, que este acto eleitoral não tenha por parte da opinião pública e dos órgãos de Comunicação Social, a atenção que mereceria atendendo a esse nível de participação de todos os cidadãos e das realidades tão importantes que os autarcas podem trazer como também aqui já ouvimos deste magnífico exemplo de Castelo de Vide e do legado que aqui foi deixado pelo António Ribeiro.

 

Ao longo dos últimos anos, muitas vezes as principais referências que vimos a este acto eleitoral foi sempre num contexto de nacionalização. Durante muitos meses, ouvimos que havia uma catástrofe anunciada porque efectivamente o PSD iria ter uma grande derrocada, o PSD que é o maior partido de implantação autárquica. Um pouco por todo o país temos exemplos de excelência daquilo que é o serviço dos autarcas à população, mas diria ter uma grande derrocada do ponto de vista eleitoral por via do desencanto que os portugueses sentem, obviamente pelas dificuldades sociais que atravessamos e que todos sentimos na pele por força das circunstâncias.

 

A verdade é que a partir de certo momento, quando se começou a perceber que essa não ia ser a realidade do próximo acto eleitoral, passou-se a considerar que o resultado das eleições autárquicas e nomeadamente para alguns, o surpreendente equilíbrio ou a alegada surpreendente vitória do PSD seria por força dos erros do Partido Socialista (PS) e em particular do líder nacional do PS, António José Seguro, a quem diariamente vemos imputarem responsabilidades pelas escolhas que foram feitas ao nível nacional. Ora, devo dizer, que acho que não há líder nacional nenhum de partido político que não se possa responsabilizar pelas escolhas que são feitas de cada um dos candidatos e dizer até, que no caso concreto que eu conheço mais proximamente, que é o caso de Braga, me causa alguma estranheza, ou talvez não. Porque de facto o PS se desse especial valor a princípios que a nós são inabaláveis, como é o caso da ética e da transparência na gestão da coisa pública, mas causa-me alguma estranheza que um líder nacional de um partido nunca se tenha pronunciado sobre o facto do candidato à terceira maior cidade do país ser alguém que está neste momento investigado por suspeitas de corrupção. É, se calhar, uma matriz mais específica do Partido Socialista que nós já de há muitos anos rejeitamos quando assumimos precisamente uma bandeira contrária de que se tem de servir e sobretudo a causa pública e não servirmo-nos dos cargos públicos para benefício próprio daqueles que nos são próximos.

 

Mas dizia que, independentemente dessa responsabilidade dos líderes nacionais, não é e não será seguramente por força da escolha do Presidente do PS que o PS irá perder no próximo 29 de Setembro um dos seus bastiões autárquicos que era a Câmara Municipal de Braga. Esse era o principal ponto que eu queria focar nesta intervenção: muitas vezes se ouve - aquilo que o Carlos dizia há pouco - que os candidatos devem ser triturados ao primeiro falhanço, quando não conseguem atingir imediatamente resultados. Mas ouve-se também e eu diria, de uma forma taxativa, que erradamente, que não se ganham eleições, nomeadamente em termos autárquicos, só se perdem eleições. Que quem está no poder porque usufrui e dispõe muitas vezes até abusiva e ilicitamente dos meios que tem ao seu alcance enquanto executivos, que conseguem manietar a liberdade e levar a que a sua reeleição acabe por ser quase um facto consumado sem qualquer tipo de contestação por parte de quem está na oposição.

 

Ora, se me permitem a falta de humildade nesse aspecto, sou um exemplo vivo de que isso não vai assim acontecer, porque em Braga o que acontecerá no próximo dia 29 de Setembro é o corolário de um trabalho que se arrasta há 12 anos. Quando contactam com as pessoas de Braga, seguramente a primeira questão que surgirá quando lhes perguntarem o que acham do candidato Ricardo Rio, é de que independentemente de outros atributos que seguramente serão mais relevantes para o exercício da câmara é de que é alguém que nunca desistiu de lutar por aquilo que acredita. Foi isso que fiz com a minha equipa ao longo dos últimos doze anos, fazendo um trabalho contínuo de construção de um projecto alternativo de governação para o concelho de Braga.

 

Penso que seja fundamental para quem quer que seja que se queira candidatar a um cargo desta natureza que não o faça por uma razão de circunstância, que não o faça porque num determinado momento achou que ia ser algo engraçado ou porque seria algo que podia servir melhor os seus interesses. Mas sim, que o faça, obviamente com amor àquela terra e àquela gente, mas sobretudo com uma visão e ideia claras sobre o que pretende fazer nesse mesmo concelho quando merecer a confiança dos seus eleitores e concidadãos.

 

Foi isso que fizemos, ao longo destes anos fizemos um trabalho intensíssimo de construção de um programa de governação da cidade, de identificação de prioridades, de identificação de políticas, de apresentação de propostas que, como é também erradamente muitas vezes feito na nossa democracia, são sistematicamente chumbadas por quem está no poder na autarquia. Mas, sempre tendo em conta aquilo que eram os reais anseios das populações, as necessidades das instituições, a realidade concreta de cada uma das freguesias. Fizemo-lo num trabalho intenso que como hão-de ter obviamente a consciência, por parte de quem está na oposição é um trabalho particularmente difícil, pois não é só uma questão dos meios em sentido lato, é desde logo da disponibilidade concreta de cada um de nós que exerce a actividade política de uma forma voluntária em complemento às nossas actividades profissionais e pessoais que continuamos naturalmente a exercer.

 

Mas fizemo-lo de tal forma intensa, que ao longo destes doze anos, costumo dizer que não sinto que alguma vez tenha perdido. Perdi de facto, no sentido em que não ganhei as eleições para a Câmara Municipal mas a verdade é que este foi um trajecto em que nós registamos um apoio crescente por parte dos cidadãos, um reconhecimento contínuo por parte dos cidadãos, uma percepção de que aquilo que era o nosso projecto e as nossas propostas e a nossa postura no diálogo era realmente diferente face àquilo que vem sendo, de há 37 anos a esta parte, sido feito pelo mesmo presidente da câmara e a mesma maioria socialista a governar a título municipal.

 

A renovação daquilo que é a conduta desse poder é de facto urgente que esta mudança se concretize e foi isso que os bracarenses foram percebendo. Também gostaria de alertar que mesmo quem está na oposição pode - como nós costumamos dizer - "fazer acontecer”. Se hoje forem ler o programa eleitoral do próprio PS verão que estão lá a esmagadora maioria das bandeiras, propostas, prioridades que nós apontamos ao longo deste doze anos. Porque efectivamente ele perceberam que aquilo que nós estávamos a propor e a defender são as questões que verdadeiramente importam para o futuro do desenvolvimento do nosso concelho.

 

Tantas e tantas vezes apresentamos propostas que foram sistematicamente recusadas pela maioria socialista , mas pouco depois por via da pressão dos próprios cidadãos e instituições vimos a própria maioria a implementá-las e a adoptá-las. Mas, como nós também tantas vezes dizemos, a fazerem "sem manual de instruções, a fazê-lo de forma errada e inacabada face àquilo que verdadeiramente pretendíamos e considerávamos que era o alcance que essas propostas podiam ter.

 

Foi assim que, por exemplo, em Braga de há uns meses a esta parte se conseguiu um apoio camarário ao nível da acção desportiva e também depois de oito anos de propostas intensas se conseguiu finalmente a redução do IMI, que à boca das eleições a maioria socialista resolveu reduzir a fiscalidade sobre os cidadãos e as empresas. Foi assim que hoje a questão da qualificação ambiental, a criação de espaços verdes e da própria regeneração urbana passaram a ser bandeiras assumidas pela maioria socialista mas ainda sem concretização.

 

Há um aspecto até que gostava de referir que é um dos maiores motivos de orgulho daquilo que foi este legado do trabalho feito ao longo destes quase doze anos, entre o período em que exerci funções de Presidente do PSD de Braga e depois já como autarca, seja na assembleia municipal, como candidato, vereador à Câmara Municipal de Braga. É que, por dessa disponibilidade, por via desse contacto com os cidadãos e com as instituições chegámos ao ponto de um episódio que não posso deixar de aqui partilhar. Num determinado momento, uma vereadora da maioria socialista dizia, um pouco agastada, a uma pessoa conhecida: "Bem, isto agora é muito complicado, e realmente sentimos que as pessoas têm apresentado muitas queixas, mas o pior de tudo não é isso, é que antes as pessoas ameaçavam que iam chamar a SIC ou a TVI, agora vêem-nos dizer que vão falar com o Ricardo Rio.”

 

[APLAUSOS]

 

Esta lógica de proximidade e diálogo contínuo é algo fundamental para que qualquer autarca, esteja no poder ou na oposição, perceba quais são a cada momento os reais anseios dos seus concidadãos e possa com base nisso avançar com propostas concretas e iniciativas que vão ao encontro da realidade do concelho.

 

A realidade que se vive em Braga não é muito diferente da que se vive por todo o país. Aliás, seria um exemplo, porventura academicamente interessante, verificar, retirando as referências locais, aquilo que são as coincidências nos programas eleitorais de todos os candidatos a praticamente quase todas as câmaras. Em todas elas vão ouvir como prioridade a questão do emprego, dos apoios sociais, a dinamização cultural, as grandes bandeiras são mais ou menos comuns, obviamente com derrogações para cada uma das realidades em que eles mesmos actuam. Mas a verdade é que, independentemente dessa convergência, é necessário olhar para a especificidade de cada um dos concelhos, para a identidade e saber tirar o devido proveito delas para conseguir diferenciar-se do ponto de vista competitivo face aos demais.

 

Também não sejamos inocentes, Braga não estará em concorrência total com Castelo de Vide, mas não nos esqueçamos que aqui ao lado foi instalado um equipamento que qualquer uma das câmaras do país gostaria de ter face ao volume de empregos que representou para o concelho. Em verdade, todos os concelhos estão em concorrência uns com os outros e é preciso ter atractividade para demonstrar que também desse ponto de vista, mas também de todos os outros, há vantagens que têm de ser potenciadas.

 

Braga perdeu uma grande oportunidade o ano passado. Como muitos saberão, ou não, até acharei muito mais natural, fomos capital europeia da juventude e foi até num contexto muito singular, pois a meia dúzia de quilómetros, em Guimarães, tínhamos outro grande evento que era a capital europeia da cultura. Estamos a falar de dois concelhos a curta distância, geridos por duas autarquias de maioria socialista. A verdade é que nem isso contribuiu para que houvesse uma mínima articulação entre essas duas câmaras municipais, que houvesse uma lógica de integração e promoção colectiva dos eventos que aí se realizaram e que por força, obviamente de muita incúria e negligência do ponto de vista do planeamento, organização e promoção desse mesmo evento, a capital europeia da juventude tenha ficado muito aquém daquilo que poderia ser. E os jovens de Braga, como se calhar os jovens do país, passaram claramente à margem desse evento que só teve grandes momentos em duas ou três circunstâncias de eventos de massas e não foi de todo o ano como seria desejável de um evento catalisador da participação dos jovens também do ponto de vista social.

 

Aliás, olhando para aquilo que é a realidade da gestão autárquica, é uma realidade muito difícil e eu diria que cada vez mais difícil. Até porque são cada vez maiores as exigências que se colocam aos autarcas e nomeadamente em contexto de disponibilidade de recursos cada vez mais escassos, pois a verdade é que também é preciso fazer essa opção. A opção entre onerar excessivamente os cidadãos e ter uma capacidade financeira demasiadamente folgada, até para permitir despesismos e megalomanias como alguns a que vamos assistindo um pouco por todo o país, mas que lamentavelmente Braga também foi um extraordinário exemplo. Temos uma piscina olímpica que era suposto ser criada com investimento de 25 milhões de euros, que foi iniciada a construção e em que chegou ao ponto de depois de se terem gasto oito milhões de euros e termos apenas as estruturas de base daquele investimento efectivamente a piscina ter sido abandonada e não haver recursos para concluir esse mesmo projecto.

 

Por isso, para o futuro, o que é fundamental é também saber gerir os recursos de maneira a que eles sejam orientados para aquilo que é verdadeiramente prioritário para cada um dos concelhos e para a sua afirmação e serviço à sua população. De maneira a que todos os cidadãos e em particular as novas gerações possam considerar que aqueles são concelhos de oportunidade e que são concelhos onde vale a pena constituir as suas famílias, trabalhar e vale a pena obviamente investir.

 

A construção desse novo modelo exige para mim dois aspectos cruciais: o primeiro é que é fundamental que a gestão autárquica seja cada vez mais participada. Ou seja, por mais que nós sejamos legitimados, eu e os 307 presidentes de câmara pelo país, para exercer o mandato nos próximos quatro anos, que nunca se esqueçam que continuamente têm de prestar contas e saber auscultar a população e perceber qual é também o contributo que cada um dos cidadãos e cada uma das instituições pode dar para o futuro do seu concelho.

 

Aliás, há recomendações, nomeadamente das Nações Unidas, muito dirigidas à juventude que eu apelo a que todos consultem, que tem a ver com o fazer de cada jovem um agente de mudança. Isso implica, obviamente, a participação na vida pública, na vida política e nomeadamente também no contexto autárquico.

 

O segundo aspecto é que uma câmara municipal, como aliás qualquer órgão de poder, tem de perceber que não há nenhuma lógica de tutelar apenas todas as actividades que se desenvolvem no seu território e ser toda ela próprio o motor das actividades. Aquilo que é fundamental é que uma câmara municipal, como qualquer órgão de poder, sejam facilitadores do desenvolvimento: saibam apoiar quem trabalha e bem, seja nas áreas sociais, culturais, desportivas ou empresariais, ou qualquer outra.

 

É isso que espero que enquanto autarcas no futuro possam cumprir e é isso que verão também a partir do dia 29 de Setembro em Braga, comigo como Presidente da Câmara Municipal.

Muito obrigado a todos.

 

[APLAUSOS]

 
Carlos Coelho

Agradecendo a vossa presença, deixo duas notas finais. Primeiro, uma curiosidade: devem ter constatado que à volta dos vossos guardanapos havia um lacinho cor-de-laranja que contém a ementa. Numa universidade em que todos os detalhes são pensados ao pormenor pensariam, provavelmente, que isto era uma invenção nossa. Não é verdade. Foi o pessoal do hotel que ao perceber a lógica da UV decidiu fazer este mimo, rodear cada um dos nossos guardanapos com a ementa do jantar. Mas o mais curioso é que esta sensação do acompanhamento da nossa dinâmica por parte do pessoal do hotel leva a que a cor do laço seja sempre diferente.

 

O laço no primeiro dia da cor laranja é em homenagem à cor da terra partidária que nos une na maioria dos casos, mas nos outros jantares esta cartolina será da cor do grupo anfitrião.

 

Como terei a oportunidade de explicar aos vossos coordenadores mais tarde, nos jantares há cinco grupos anfitriões, cada jantar com um. Esta mesa será uma das vossas mesas e será decidido por sorteio. Nós estaremos como vossos convidados na mesa principal e entre os restantes cinco grupos um fará o brinde a saudar o nosso convidado.

 

Costumo sempre dizer isto e o António Ribeiro já ouviu isto onze vezes, que este é o jantar que eu gosto mais em que eu posso fazer o brinde, os próximos serão vocês a fazê-lo.

 

Finalmente, vamos exactamente às 22h15 reunir os grupos de trabalho. Nesta sala, com o Paulo Pinheiro reunirão os grupos Bege e Amarelo; com a Vera Artilheiro, os grupos Azul e Rosa; e com o Simão Ribeiro os grupos Cinzento e Castanho.

 

Lá em baixo, onde fizemos a sessão de abertura, a nossa sala de aulas, com o Jorge Varela estarão os grupos Encarnado e Laranja e com a Teresa Azóia os grupos Roxo e Verde.

 

Peço que trabalhem bem, mas rápido porque precisamos de esperar pelo fim dos vossos trabalhos para que possamos reunir com os vossos coordenadores.

 

Agradecendo a vossa presença neste jantar, até já e têm as reuniões às 22h15.

Muito obrigado.

 

[APLAUSOS]