Boa noite. Primeiramente, agradeço as simpáticas palavras do Jorge Ribeiro e do Carlos Coelho. Estou aqui com prazer, como o Carlos disse já nem sei quantas vezes cá estive mas foi sempre com prazer que vim aqui a Castelo de Vide. Esta é uma iniciativa importante do PSD, da JSD, do Instituto Sá Carneiro e o entusiasmo com que todas as várias gerações têm estado presentes aqui ao longo destes 11 anos resulta da importância desta iniciativa e do quão marcante ela é.
Não posso deixar de nesta altura dar os parabéns sobretudo ao Carlos Coelho. Esta é uma iniciativa partidária, mas é muito uma iniciativa do Carlos Coelho e tem muito a ver com a alma, a capacidade de organização, o entusiasmo do Carlos Coelho, que tiveram a oportunidade de partilhar ao longo destes últimos dias.
Tenho uma intervenção relativamente longa, pois quis escolher dois tópicos: partilhar a minha experiência da Logoplaste, falando do caso concreto de uma empresa e depois falar-vos do contexto empresarial, razões para estar optimista hoje em Portugal. Enfim, partilhar um pouco esses meus sentimentos. Não vou começar por responder à pergunta do Carlos Coelho, mas verão ao longo da minha intervenção que acabarei, apesar de não ter sido combinado, por responder directamente à questão dele.
Falar-vos-ei do meu caso em concreto, da minha experiência empresarial, anotem as questões que depois estarei disponível para responder a todas que entenderem. Esta é uma visão geral, uma apresentação comercial da Logoplaste, não a adaptei para aqui, pois todos têm obrigação de ler inglês com a idade que têm e, portanto, não mudei os slides que estão em inglês pois muitos deles têm a ver com a forma que nos apresentamos comercialmente.
A Logoplaste é uma empresa portuguesa, criada há 36 anos e que desde o momento da sua fundação sempre teve uma missão muito clara: produzir embalagens rígidas em plástico. É impossível viver em Portugal, em muitos países europeus e actualmente até nos Estados Unidos, sem se tocar diariamente num produto produzido pela Logoplaste. Falo numa perspectiva de unidades dedicadas, temos a generalidade das nossas fábricas dentro das fábricas dos nossos clientes. Ou seja, produzimos directamente para as linhas de enchimento e sempre associados a contratos de médio-longo prazo.
Como uma imagem é melhor que mil palavras, têm ali o que nós produzimos em vários países, alguns europeus e até nos Estados Unidos, naqueles que são os nossos clientes. Estamos muito fortes no sector dos lacticínios: aqui em Portugal produzimos todas as embalagens de iogurtes líquidos que são consumidas no país. Somos fortes também em produtos alimentares, produzimos por exemplo na Holanda as embalagens do ketchup da Heinz, a generalidade de óleos alimentares e azeites em Portugal, todas as embalagens de margarinas e manteigas. Temos também uma posição forte no sector das bebidas, cerca de 60% do mercado das águas, produzimos embalagens para bebidas espirituosas. Nos Estados Unidos temos uma fábrica onde produzimos embalagens para a Gordon’s, para a Johnnie Walker e outras bebidas que ali têm.
Para a produção destas embalagens temos associadas as grandes empresas produtoras alimentares do Mundo, que escuso de estar aqui a enumerar. Produzimos também embalagens para o que eu chamo ali de "Personal Care”, como por exemplo champôs da Pantène e da H&S, o Listerine da Johnson & Johnson em Itália para toda a Europa, os colorantes de cabelo da L’Oreal na Bélgica também para toda a Europa. Produzimos também para "Home Care”: Fairy lava-loiça em Londres para a Procter & Gamble para toda a Europa; lubrificantes para o Brasil para a Mobil por exemplo. Enfim, temos uma gama muito diversificada de produtos e somos totalmente focados na produção deste tipo de embalagens e, como eu dizia há pouco, é difícil beberem uma água ou um iogurte , ou pegarem numa embalagem de manteiga ou margarina, ou de um óleo alimentar, ou da Coca-Cola ou 7UP sem sermos nós a produzir.
Muitas delas são produzidas em unidades de outro tipo, sem sermos nós. Pus aqui uma imagem para se ter uma percepção: esta é uma fábrica nossa em Inglaterra, que tem o hall de produção em que são feitas as embalagens e o nosso conceito chama-se "hole in the wall”. Porque as embalagens vão através de transportadores que aparecem na imagem à direita em baixo e passam as linhas de enchimento dos nossos parceiros através de uma parede que separa o nosso hall de produção dos nossos clientes. A generalidade das nossas fábricas são desta natureza.
Uma das razões da nossa competitividade tem que ver com o facto de sermos praticamente os únicos que apenas trabalham com base neste conceito. Vendemos hoje 450 milhões de euros. Portanto, somos em Portugal uma empresa com uma certa dimensão e internacionalmente uma empresa média. Temos presença em 16 países em quatro continentes, trabalhando na Logoplaste 1982 pessoas de 32 nacionalidades e temos mais de 58 contratos em fábricas nesses 16 países.
Esta é a evolução das nossas vendas: a empresa foi fundada em 1976 por uma família que ainda tem um accionista na Logosplaste; em 1992 começámos a internacionalização e já vos explicarei a seguir porquê. Foi um caminho extremamente difícil. Hoje só vos falo dos lados bons, mas não quer dizer que não tenha havido um caminho das pedras com muitas dificuldades. As empresas e todos nós na vida nos defrontamos com muitas dificuldades e somos obrigados a nos confrontar com muito mais situações adversas do que aquilo que depois contamos, porque no fim do dia normalmente só fica o lado bom das histórias.
Fomos crescendo ao longo dos anos em Portugal, mas o nosso grande desenvolvimento foi internacional. Há 20 anos, partimos daqui do canto da Pensínsula Ibérica e transformámo-nos numa empresa global. Aquele mapa é exagerado, não estamos no Alasca, mas nos Estados Unidos; estamos em S. Petersburgo, não em Vladivostok, mas a Rússia vai até lá e por isso colocamos também, mas enfim, estamos nas américas, na maioria dos país europeus, até no sudoeste asiático no Vietname e na Malásia.
Porque é que fomos para o exterior? Este país é extraordinário, mas somos apenas 10 milhões. Portanto o mercado é muito limitado e uma empresa que tenha um certo sucesso no mercado interno, a partir de certa altura tem determinadas limitações para crescer. Daí uma das razões, mas outra razão é que mesmo para sermos competitivos, face à nossa concorrência no mercado interno, nós precisamos de ganhar escala e dimensão que era também necessária para termos credibilidade junto das empresas com que trabalhávamos.
Ao mesmo tempo, foi para nós uma oportunidade. A seguir a Maastricht houve uma profunda reorganização das empresas europeias que repensaram as suas estruturas industriais na Europa. A Europa teve nisso um efeito extraordinário de reorganização da estrutura industrial e nós tirámos muito partido dessa reorganização pois houve muita centralização de produções e isso levou a que as empresas pensassem toda a sua cadeia de valor. Por outro lado, os conceitos prevalescentes levaram a que as empresas tivessem interesse em trabalhar com fornecedores com a Logoplaste.
Cada vez mais se falava de que as empresas se deviam focar naquilo que sabem fazer e não em actividades complementares, que devem dar atenção ao Return On Investment (ROI), portanto minimizar investimentos e tudo isso proporcionou oportunidades à Logoplaste. Foi uma questão de necessidade e de oportunidade.
Actualmente, quem são os nossos principais mercados? Portugal é ainda um mercado muito importante, representando 14%, mas os principais são o Reino Unido, o Brasil, depois estamos em Espanha, França, Estados Unidos, Holanda, Canadá, Itália e ainda com percentagens mais pequenas uma série de outros mercados. O que é importante quando se analisa uma empresa é perceber porque é que ela é competitiva. Tentei sintetizar para partilhar convosco as razões por que me parece que a Logoplaste é competitiva: por um lado o nosso conceito industrial, por outro os talentos, recursos humanos que trabalham na empresa, a aposta fortíssima na inovação que fizemos ao longo dos anos e o nosso conjunto de clientes.
Quando vamos visitar um cliente potencial, dizemos: vocês sentem-se confortáveis em sentar ao lado da Danone, da Nestlé, das Águas do Luso, da Nutrinvest, entre outras principais empresas de bens alimentares e também dos nossos fornecedores que complementarmente permite que a nossa actividade e cadeia de valor sejam competitivas. Como vos disse, temos um conceito muito próprio mas esta é uma das bases da nossa competitividade: normalmente para uma empresa ser competitiva e o seu negócio ser afirmado não podemos fazer como todos os outros fazem.
Até se pode fazer um produto como este, uma embalagem rígida de plástico parece tecnologicamente muito simples, mas é muito mais difícil do que parece. Agora o que temos de pensar é como vamos fazer diferente de todos aqueles que podem fazer este mesmo produto e o fazer diferente é o que nos cria um espaço próprio. Foi este o sucesso deste conceito.
Portanto, temos sempre as nossas unidades dentro da fábrica dos nossos clientes e tudo o que é equipamento, gestão de pessoal, operacional, é feita por nós. Este modelo tem enormes vantagens, uma delas é que queima etapas de quem forneça no exterior. Não há stocks, transportes e hoje em dia até há outros factores, por exemplo, minimizarmos a pegada ecológica e termos assim do ponto de vista ambiental aspectos muito fortes.
Ao ir para dentro dos nossos clientes há outra vantagem: assinamos contratos a médio-longo prazo, tendo assim uma grande estabilidade na nossa actividade produtiva. Também apresentamos um conjunto de vantagens para o nosso cliente ter uma perspectiva, ele não tem que investir, reduz as suas necessidades de capital, elimina o custo de transporte, tem vantagens operacionais pois toda a logística desaparece, é abastecido "just in time”. Depois, a colaboração com o fornecedor é mais profunda porque há esta proximidade física, trabalhamos muito em investigação e desenvolvimento em conjunto. E, depois, para empresas que sejam sensíveis às questões da sustentabilidade, nós reduzimos as emissões de CO2, reduzimos fortemente o peso das embalagens para elas não estarem a ter de ser transportadas e todos os outros packagings necessários para transportar as embalagens. Portanto, há objectivamente vantagens com o nosso conceito.
Outro aspecto muito importante como em qualquer empresa são os recursos humanos, que chamamos de "talentos” na Logoplaste. São as pessoas que fazem uma empresa, pois ela não é apenas um empresário, mas sim o empresário e o conjunto de trabalhadores que no dia-a-dia se esforçam, na generalidade deles numa empresa com duas mil pessoas de forma anónima, e depois todos os fornecedores, os chamados stakeholders , toda a cadeia de valor que eles criam e que permite que sejamos competitivos.
Actualmente, somos quase dois mil nos vários mercados em que estamos e digo-vos aqui que para mim existem dois aspectos muito importantes quando se olham para as pessoas de uma empresa: um deles é que hoje as empresas são muito mais aquilo que sabem fazer do que aquilo que fazem. A Logosplaste é essencialmente uma empresa de conhecimento do que propriamente produtora de embalagens e o que nos valoriza é o conhecimento que vamos acumulando ao longo do tempo. Depois, o outro aspecto importante - e daí falar da importância da generalidade dos trabalhadores - é que quanto mais pessoas tem uma empresa mais valor tem cada uma das pessoas, pois está com mais autonomia e mais independente de decisões individuais.
É impossível controlar cada gesto, cada decisão de todas as pessoas, muito menos numa empresa que tenha milhares de pessoas. Portanto, este são os dois aspectos a que damos muita relevância e esta empresa tem sido construída com base na capacidade técnica, nos valores, na alma, na paixão, das duas mil pessoas que trabalham nela.
O que é nos preocupa em relação aos nossos trabalhadores? A primeira questão é sermos sempre uma empresa de oportunidades, o termos sido ao longo do tempo dá segurança, perspectivas de futuro e damos muito valor ao desenvolvimento pessoal e à formação profissional. Procuramos trabalhar com quadros de referências claras, as pessoas têm de saber exatamente quais são os objectivos e quais os planos de actividade. Temos esquemas de avaliação que procuramos que sejam motivadores. Procuramos garantir qualidade no recrutamento e à medida que se tem nome, que se ganha dimensão, é fácil ir buscar os melhores ao mercado e essa é uma preocupação que temos. Procuramos que haja muita comunicação, muita partilha de informação sobre o que a empresa faz, quais são os objectivos e grandes desafios.
Um aspecto muito importante é o facto de sermos, hoje, uma empresa em que trabalham pessoas de várias culturas, nacionalidades e diferentes continentes. Apesar disso, ser uma empresa portuguesa e dar um enorme valor aos valores locais. Queremos ser uma empresa que em cada sítio que esteja seja uma empresa local. Dou-vos aqui um exemplo: procuramos adaptar-nos às culturas nacionais, trabalhamos cada país com gestores desse país, prezamos imenso os portugueses, mas nos Estados Unidos trabalhamos com americanos, no Brasil com brasileiros, no Vietname com vietnamitas, etc.
O departamento central da Logoplaste procura traduzir as nacionalidades todas que trabalham na Logosplaste. Não queremos também equipas centrais em que só trabalhem portugueses, mais uma vez esta empresa tem de ter essa perspectiva de trabalharem pessoas de várias nacionalidades. Temos centros de excelência nos países em que sejam mais competitivos, também não ter a ideia que é no país de origem que tem de se centrar todas as actividades mais nobres. Depois, o tema "Pensar local e agir global”: somos uma empresa global, enfim, tem muito a ver com a frase, pensamos localmente e adaptamo-nos às culturas e formas de estar locais.
Uma área muito importante para nós é a Inovação. Temos um departamento que está neste momento em várias geografias e que chamamos de Innovation Lab. Actualmente tem Ups no Brasil, nos Estados Unidos, no Reino Unido e restante Europa. Vamos agora estabelecer um em Kuala Lumpur no Sudoeste Asiático. O centro é em Cascais, mas depois somos obrigados, em termos de desenvolvimento, a trabalhar com proximidade aos nossos clientes.
Só para terem uma ideia: o que é que nós fazemos? Não procuramos a molécula do próximo produto petroquímico que vai fazer embalagens, mas sim adaptar todas as tecnologias que estejam no mercado às necessidades dos nossos clientes. Temos equipas de engenharia de produto e de prototipagem e, portanto, se alguém chega à Logoplaste e diz que quer fazer 10 milhões de embalagens de um produto, nós temos equipas que podem sentar-se juntamente com o cliente e fazer o design, e depois outra equipa para fazer a engenharia da embalagem. Entre o design e a engenharia da embalagem, esta última implica um desenho que não é apenas um esboço da embalagem mas já uma embalagem inicialmente trabalhada.
Depois, dizem: "Mas eu quero ter a percepção física da embalagem.” Então, temos um conjunto de equipamentos de prototipagem em três dimensões (3D) em que têm a percepção física da embalagem. Depois, dizem: "Agora quero fazer testes de mercado.” Nós temos um conjunto de equipamentos laboratoriais que conseguem reproduzir os equipamentos industriais e podem sair daí ao fim de 15 dias com milhares de embalagens para fazer os testes de mercado, testes de linha de enchimento, testes de etiquetas, o que quiserem.
Esta capacidade de desenvolvimento para produzir as embalagens de design mais adaptado, inclusive tecnicamente, nós fomos conseguindo ao longo do tempo. Porque é que digo que isto é uma empresa de conhecimento? Nós, hoje, desenvolvemos embalagens para a Danone e ficamos com conhecimentos; no dia seguinte para a Coca-Cola e ficamos com os conhecimentos; depois para a Procter & Gamble e ficámos com o respectivo conhecimento; e é esse acumular de conhecimentos ao longo de 36 anos que hoje faz toda a diferença.
Muitas são as embalagens que nós produzimos e vocês conhecem: as embalagens de ketchup que produzimos para toda a Europa a partir da Holanda, as embalagens da Danup e dos Smoothies da Danone, as embalagens da Smirnoff nos Estados Unidos, o Listerine produzimos em Roma para toda a Europa, a embalagem do Fairy produzimos em Londres também para toda a Europa, a embalagem de lubrificantes de que vos falei há pouco e que produzimos no Brasil para a Mobil.
São alguns exemplos do que nós fazemos e da confiança que têm estas empresas, não só para que tenhamos o trabalho da produção mas também o de desenvolvimento de produtos.
Sobre os nossos parceiros: o que é que estas empresas procuram? A generalidade destas empresas querem competitividade em termos de preço. No fim do dia podemos ser todos excepcionais, mas em termos empresariais há uma coisa que marca profundamente: o preço. Podemos "vestir a noiva”, irmos bem arranjados, termos imensa força a falar, imensa credibilidade, mas no fim do dia de fazermos um grande discurso o que eles nos perguntam é: "A quanto é que vende a sua embalagem?”. Portanto, o preço é o aspecto decisivo. Quem for trabalhar para qualquer empresa pode ter a certeza que ser competitivo hoje não é sê-lo amanhã e estas empresas o que nos exigem é no preço e no que é que lhes podemos dar de poupança daqui a um ano e por diante. Tanto que eu chamo ali de "continuous improvement”.
Depois temos uma capacidade de serviço inovador, o "time to market” que consiste em quanto tempo é que se transforma as novas ideias em produtos que possam ser apresentados nos mercados.
Por isso é que temos a capacidade para acelerar o momento entre a nova ideia e o chegar ao mercado. Como outra qualquer empresa, não queremos ter problemas de qualidade, queremos que nos forneçam produtos fiáveis e que se houver problemas de qualidade queremos garantias da capacidade de reacção. Temos de ter capacidade de racionamento global, entre outros aspectos já mais específicos. Portanto, é isto que esperam.
Dou-vos um exemplo: a Johnson & Johnson que é da Listerine com que trabalhamos. Vejam o tipo de fornecedores que eles têm: hoje, posso ser um fornecedor transaccional, que é um fornecedor a quem eles compram esporadicamente; um fornecedor crítico, que é um fornecedor mais activo; um fornecedor transparente que é em termos de custos, em que negoceiam as várias componentes do custo, que é o que fazem connosco; depois têm o fornecedor integrado, que está acima do crítico e que além de tudo aquilo tem capacidade de desenvolvimento e de os seguir globalmente. Logo, se se quiser estar "casado” com estas empresas a médio-longo prazo tem de se ter não só as qualidades para ser transaccional, para ser crítico, mas tem de ter hoje a capacidade de inovação e de se ser global.
Isto é verdade num sector como o nosso das embalagens, mas também é verdade na generalidade dos sectores de actividade.
Este é um ponto complementar ao que vos disse, mas que queria salientar e que tem a ver um pouco com a actividade da Logoplaste: hoje, quem compete são ofertas e não empresas. Quando há um produto novo no mercado, da Nestlé ou da Danone, por trás desse produto está uma rede enorme de empresas. Ou seja, quem está a competir não é a Nestlé ou a Danone. Nós vemos, assim, uma cadeia de valor estruturada que é diferente entre as duas empresas.
Houve, nos últimos anos, uma reconfiguração total do sistema de criação de valor da qual nós tirámos partido, porque no âmbito dela passaram a tirar cada vez mais partido de empresas como a nossa. Portanto, há cada vez mais alianças, parcerias, e esta outsourcing em que a Logoplaste se coloca. E porquê? Porque há escassez de recursos, a tecnologia não está acessível a todas as empresas, porque as empresas precisam de flexibilidade e de economias de escala, e porque há limites para a capacidade de gestão.
Era isto que queria chamar à vossa atenção sobre o sucesso das empresas, pois há muitas empresas em Portugal. Antigamente, fazíamos um comentário negativo sobre as empresas, dizendo que era uma indústria de sub-contratantes, empresas sem capacidades de criar os seus próprios produtos e que se integravam na rede de outras empresas. Hoje isso deixou de ser uma desvantagem e é uma vantagem fortíssima, pois cada vez se valoriza mais a capacidade dos sub-contratantes. Não estamos na primeira linha, mas estando na segunda somos daqueles que têm uma posição muito marcante nas cadeias de valor.
Só mais uma nota sobre os fornecedores, mais sobre o tipo da relação com os fornecedores, para vos dar o nosso exemplo que julgo ser importante e raro junto das empresas portuguesas. Nós, apesar de sermos uma empresa com alguma dimensão, chegámos a certa altura à conclusão de que era importante termos uma central de compras e associarmo-nos a outras empresas para sermos ainda mais competitivos a comprar. Um dos grandes desafios para as empresas portuguesas é a importância de estabelecer alianças e ganhar escala.
Às vezes, valorizamos demasiado a autonomia, a independência, da nossa empresa, mas pode-se ganhar enormemente estabelecendo alianças, nomeadamente em áreas muito específicas que não põem em causa a imagem nem a autonomia no desenvolvimento do negócio. Por exemplo, desenvolvemos com a Riopel que é das maiores empresas têxteis, com a Nutrinvest que faz os óleos alimentares, com a Central de Cervejas, e temos uma central de compras de produtos industriais, ou seja, compramos em conjunto automóveis, combustíveis, computadores, economato, embalagens, etc.
Vamos em conjunto ao mercado e todas estas empresas apesar da dimensão delas, todas ganham com isso. Penso que este seja um grande desafio para as empresas, nomeadamente as portuguesas, que é trabalhar em conjunto sem perder autonomia nem o que é essencial do seu negócio.
Um aspecto que nunca é citado como fornecedor mas para nós foi decisivo, foi esta empresa ser feita não por capitalistas ou pessoas com meios limitados, mas sim ter o apoio fortíssimo da Banca, em particular de dois bancos a confiança, transparência e perspectiva de médio-longo prazo, podendo nos servir globalmente financiam a generalidade dos nossos projectos.
Isto só para dizer que não há negócios empresariais com crescimento se não houver uma parceria fortíssima com a Banca e é dos primeiros fornecedores com quem temos de ganhar confiança. Nunca se pode trair a confiança naturalmente, mas muito menos com os bancos.
Mais dois aspectos sobre a Logoplaste: procuramos ser uma empresa com responsabilidade social em termos ambientais, já que produzimos plásticos e não o tentamos esconder como é óbvio. Produzimos mais de 10 mil milhões de embalagens por ano, como viram há bocado, portanto a questão ambiental é muito sensível, procuramos ser muito activos nesse aspecto. Temos uma política também em termos de responsabilidade para com a sociedade, vemo-lo como uma oportunidade de criar valor entre a sociedade e a empresa, sendo para nós um factor de coesão e ligação dentro da Logoplaste. Em relação aos nossos clientes quando nos comparam com as outras empresas é uma vantagem competitiva, portanto não é só altruisticamente que temos este política de responsabilidade social.
Não vou entrar em pormenor, mas peço-vos que olhem para os três pontos do meio: procuramos reduzir o impacto dos nossos clientes em termos de pegada ecológica com o nosso modelo, pois hoje em dia é uma questão decisiva; depois, procuramos trabalhar activamente com os nossos clientes para reduzir pesos das embalagens. Por exemplo, quando lançámos o garrafão de 5 litros em Portugal tinha 100 gramas e hoje tem 70 grama, tirámos 30%. O consumidor não tem percepção mas o impacto ambiental reduz-se dramaticamente.
Cada vez mais trabalhamos com produtos reciclados e muito do que está dependente de não o fazermos é por causa dos consumidores para recuperarmos material. Mas hoje em muitas das embalagens que fazemos, como o Fairy e a Lucozade, em Inglaterra, utilizamos entre 50% e 100% de material reciclado. Em Portugal também trabalhamos muito com material reciclado e somos uma das empresas do Mundo que mais tem trabalhado com materiais renováveis, ou seja, materiais com origem biológica com os quais trabalhamos junto dos nossos clientes.
Procuramos estar na primeira linha, fomos a única empresa portuguesa sócia da Associação Ponto Verde, começando a empresa e procuramos sempre ter uma intervenção muito activa.
Depois, temos também uma responsabilidade social em relação à comunidade. Pensamos que os valores profissionais devem ser iguais aos valores pessoais, que a solidariedade e uma necessidade e um valor ético num país em particular como o nosso, com carências profundas. Uma vez vi esta frase que não me canso de repetir: não vemos a solidariedade das empresas com o Mundo, com a sua comunidade, como um tributo que o capitalismo presta à virtude, mas vemo-lo como algo que tem a ver com os valores reais que a empresa comunga. Temos um projecto em Cascais sobre o qual há bocado falava com o Duarte Marques, é o CADIn.
O CADin é uma instituição que apoia crianças de deficiência de desenvolvimento neurológico e psiquiátrico. Não vou contar uma história sobre o que vamos fazer. O CADIn existe desde 2003 e 30% das crianças que recorrem ao CADIn beneficiam de uma bolsa social e não pagam.
Para terem uma ideia da importância da intervenção têm ali os números ao longo dos anos. Em 2003 apoiámos 1900 crianças e no ano passado cerca de 1600, portanto, já apoiámos entre 2003 e 2013 praticamente 16 mil crianças. Só no ano passado recorreram ao CADIn 1600 famílias, houve 5000 consultas, 600 avaliações e 23 mil sessões de suporte. Para terem uma ideia: uma família que tem uma criança com problemas de desenvolvimento tem no CADIn o apoio médico para fazer a avaliação e depois todas as terapias necessárias se a criança tem Síndroma de Down, Asperger, ou outro, tem a possibilidade de ter apoio e de ter uma intervenção do CADIn.
Situa-se ao lado do edifício da Logoplaste num edifício construído por nós, é algo que marca profundamente a nossa actividade e de que, como devem calcular, temos um enorme orgulho.
Estou cansado, tal como muitos portugueses, de dizerem mal do meu país e de depender de decisões externas ao meu país. Estou cansado que tenhamos uma visão negativa sobre o futuro e, portanto, o que gostava de partilhar convosco é que este país é muito melhor do que nós todos dizemos e há razões para estar optimista em relação ao futuro. Isto é independemente das políticas. Tenho receio de que o Pedro Reis, ontem, vos tenha falado das mesmas coisas, mas se falou não faz mal recordar e repetir o que é bom deste país, algo que lhe é intrínseco, como eu digo são vantagens de Portugal como destino de investimento.
Não tem que ver com estar o PS, PSD, CDS ou Bloco de Esquerda no Governo, mas sim com qualidades que são nossas e que foram afirmadas ao longo de gerações, fazendo hoje uma diferença em termos internacionais. Queria dizer-vos que mesmo com a estrutura produtiva actual, com os empresários actuais, com as empresas que temos, e portanto, sem estar a vender projectos futuros, há um enorme potencial da diversificação das exportações e é isso que tem mostrado o crescimento das mesmas nos últimos anos.
Os empresários têm feito um trabalho significativo, mas ainda temos espaço para melhorar as estratégias empresariais e isso vai fazer com que a nossa Economia seja mais competitiva. Depois, quero dar-vos só um lamiré: temos a sorte - e sobretudo vocês - de vivermos uma época de oportunidades extraordinárias em termos internacionais, de que se deve tirar partido. O país pouco celebrou, mas nós reequilibramos em três anos a balança externa e a de bens e serviços. Apesar do país não ter comemorado, nem a Imprensa ter valorizado, é algo que é extraordinário e de que nos devíamos orgulhar. Não queria deixar de sublinhar que tem que ver com o trabalho e decisões de milhares de empresas e trabalhadores.
Apesar da desvalorização dos indicadores económicos recentes, ainda hoje houve indicadores do INE que também são extremamente optimistas em relação ao futuro. É de salientar que somos um país com vantagens extraordinárias como destino de investimento. Mais uma vez, como dizia há pouca, não tem a ver com políticas económicas; geograficamente estamos no centro do mundo ocidental, no meio de um mercado de mil milhões de pessoas que é o mercado europeu e americano. Em alguns aspectos temos sorte e este é um deles, também temos uma posição privilegiada na Península Ibérica que é um mercado forte e com acesso a África que tem um mercado muito potencial. Temos a qualidade muito boa das infraestruturas e mais uma vez não interessa quem construiu, e não falo só das rodoviárias, mas também aéreas, portuárias, electricidade e telecomunicações.
De acordo com estudos anuais onde se comparam 144 países estamos no 11º lugar e nós estamos sempre a dizer que se gastou uma absurda quantidade de dinheiro em estradas, entre outros, mas para os industriais é muito importante ser fornecida a electricidade e telecomunicações durante todo o dia e ter portos e aeroportos. Tudo isto existe e funciona muito bem em Portugal. Temos um bom ambiente de negócios e facilidade de instalação de uma empresa. A seguir, vou-vos mostrar à frente de quem é que nós estamos, segundo o Banco Mundial.
Temos recursos humanos com uma avaliação muito positiva pelos investidores internacionais. Temos desafios extraordinários em termos da qualificação dos nossos recursos humanos. Infelizmente, Portugal trata mal dos seus filhos e tem-nos tratado mal ao longo de gerações não dando a educação que eles mereceriam, persistindo ainda uma parte da população com níveis educacionais muito débeis. Mas quando se trata destas avaliações internacionais ao nível da eficiência do trabalho, capacidade de trabalho em equipa, capacidades linguísticas, nomeadamente ao nível do management que serão cargos que vocês irão ocupar, nós aparecemos muitíssimo qualificados.
Este país tem condições para ter uma boa qualidade de vida, é excelente para se viver, temos um clima extraordinário, há segurança apesar do clima económico que estamos a viver e temos um bom sistema de saúde - discute-se se é mais privado ou mais público, mas na essência estamos todos de acordo que temos um bom sistema de saúde, sobretudo se compararmos com os dos nossos pais ou avós. Mesmo em termos internacionais temos um sistema educativo que funciona, temos estruturas produtivas e, depois, somos das economias mais abertas do Mundo e também não valorizamos isso. Mais uma vez, somos colocados nesse aspecto em 9º lugar entre os 144 países.
Nós temos de afirmar, quando se fala do país, que estes são factores positivos que fazem a diferença para quem trabalha em Portugal. Depois quando nos comparam, não sou eu, não é o PSD, não é o Instituto Sá Carneiro, mas sim o Banco Mundial que na análise anual de 2013 nos coloca em 30º lugar entre 185 países em termos daquilo que eles chamam de "doing business”, isto numa classificação que resulta de se apreciar o que é que são as condições para iniciar um negócio, obter licença de construção, entre outros.
Todos nós nos queixamos muito, há com certeza aspectos a melhorar, mas estamos em 30º lugar à frente da Holanda, da Bélgica, da França, da Espanha, da Polónia, portanto vale a pena olharmos para isto. É óbvio que há coisas a melhorar, em relação ao trabalho das nossas câmaras, em relação à obtenção de crédito, aos pagamento de impostos, em relação a muitas áreas há aspectos a melhorar, mas somos bons e temos indicadores muito favoráveis na generalidade destes factores que são apreciados. Portanto, não é por razões meramente de contexto que não há mais empresas nem mais actividade empresarial em Portugal.
Depois, a Forbes, uma revista americana, que também analisa a competitividade dos países, coloca-nos aqui em 24º. Analisa factores muito próximos daqueles para os quais eu chamei a atenção. Estamos à frente da Espanha, da Itália, da Áustria e da Polónia. Ouvimos falar sobre isto pouco. Quando se fala em termos negativos de Portugal, se a Forbes nos trouxer uma notícia negativa como por exemplo o Washington Post sobre a nossa Educação, ou o Financial Times sobre o nosso sistema de saúde, é a primeira página na Imprensa portuguesa, mas estas positivas de que vos falei não chegam às primeiras páginas.
É sobre esta capacidade que se está a construir o futuro do país, não é sobre as debilidades que muitas vezes são tão valorizadas. Outro aspecto que acho que é importante é que muitas vezes estamos a falar no futuro neste país: "é preciso mudar o contexto, aparecerem novos empresários, apostarmos nas tecnologias…” É óbvio que isso é fundamental, mas com a estrutura empresarial que temos nós já somos fortemente competitivos nalguns mercados e o que se denota, quando se analisam as estatísticas, é que temos um potencial enorme de diversificação de mercados. E muito deste crescimento que tem estado a ocorrer nestes últimos anos nas exportações nos últimos três ou quatro anos tem a ver com este potencial de diversificação de mercados.
Quero chamar a atenção só para três ou quatro pontos: 47% das exportações portuguesas são feitas para três países e 63% para os seis países que ali estão. Vejam ali o número de países que está de fora. Porque é que havemos de ser competitivos na Alemanha, ou na França e não somos na Holanda, na Bélgica, nos países escandinavos? Portanto, há países para os quais podemos ir trabalhar desde que os empresários se virem para esses países; há espaço para a nossa capacidade empresarial e exportadora para outros mercados.
Por exemplo, 78% das exportações são realizadas para o espaço comunitário e o que temos visto é os espaços fora da comunidade a crescerem fortemente as exportações. A mesma coisa nos Serviços. Hoje, há todo o resto do Mundo para nós exportarmos. Por que vos estou a mostrar estes números? Eles podem ter uma perspectiva negativa, estamos muito dependentes dalguns países, é mau, mas eu vejo de forma extremamente positiva: temos múltiplos países com estrutura produtiva actual para diversificarmos nas nossas exportações.
Vejam, depois, nalguns países onde existe um dinamismo enorme, como o Brasil, a China, a Rússia, exportamos para muitos deles menos de mil milhões de euros por ano, o que é praticamente nada para um país que exporta 60 mil milhões de euros. Portanto, também nestes países há oportunidades muito fortes. Há um futuro em termos de exportações, para nós desenvolvermos a nossa actividade. É certo que isto implica uma evolução. Nem quero falar aqui do Estado nem daquilo que o Estado tem de fazer. Queria falar mais dos empresários: está a haver um trabalho neste campo, mas é preciso aprofundá-lo, ter uma visão alargada dos mercados, trabalhar - como ali chamei a atenção - mais para fora da Europa, ter o Mundo como perspectiva, evoluir na cadeia de valor e em particular na distribuição internacional.
Nas empresas portuguesas há muitos casos em que nos vêm comprar em vez de irmos nós vender. É fundamental passarmos a vender, melhorar a qualidade de investimento, dar valor às pessoas, que eu tenho falado muito aqui dos recursos humanos que são um activo fundamental das empresas, mas há muitas empresas que não lhes dão ainda valor suficiente. Depois, apostar na inovação e no conhecimento, promover alianças e integrar redes de empresas. Portanto, há mercados, há condições para as empresas fazerem um trabalho ainda melhor do que têm feito nos últimos anos apenas dentro da estrutura produtiva actual.
Garantir qualidade e respeitar compromissos é um aspecto fundamental para os empresários portugueses. Deve-se também ter em conta as mudanças profundas que estão a ocorrer na ordem económica mundial. Como eu disse, vivemos uma época de oportunidades extraordinárias, por exemplo a afirmação dos países emergentes cria oportunidades para as empresas portuguesas; a aposta na inovação e produtividade em alguns mercados, que leva a repensar fornecedores e que cria também uma oportunidade para as empresas portuguesas; a generalidade das redes empresariais de que vos falei há pouco e tudo o que é ambiental, também aqui voltam a criar oportunidades.
Vejam ali o que pus para a Logoplaste: temos oportunidades de reduzir o peso das embalagens, melhorar a capacidade logística, utilizar materiais recicláveis e renováveis, estabelecer unidades integradas, e portanto, cada uma destas áreas que está a mudar no Mundo cria oportunidades para ajudar a generalidade das empresas portuguesas.
Duas notas mais: se há algo extraordinário resultante do programa de ajustamento económico no país tem a ver com a capacidade exportadora portuguesa e com a evolução da balança de pagamentos, nomeadamente a balança comercial e a balança externa. Vejam que Portugal exporta 60 mil milhões de euros - como eu dizia há pouco - para algumas das economias mais competitivas do Mundo e que ao longo destes anos tem sido sistematicamente a base da alteração e do potencial crescimento que o país tem pela frente. Vejam que 5% do crescimento das exportações são três mil milhões de euros. Para terem uma ideia: a AutoEuropa exporta dois mil milhões de euros e a TAP também.
Desta forma, o sector empresarial tem tido uma nova dinâmica e um crescimento muito significativo. É preciso chamar a atenção, pois também não se valoriza este crescimento das exportações: 30% são de Serviços, 15% Máquinas e Equipamentos, 40% Bens de Média ou Alta Tecnologia. Vejam estes números, que penso que vale a pena: o saldo da balança de Bens e Serviços foi positivo em 2012, será mais positivo em 2013 e era negativo em 12 mil milhões de euros em 2010. A balança corrente terá um saldo de 4,5% neste ano e em 2010 era negativo em 9% do PIB que correspondem praticamente a 16 mil milhões de euros.
Nós recuperamos em três anos 16 mil milhões de euros. Portanto, este é um aspecto que nos faz olhar para o futuro com um optimismo diferente daquele com que normalmente olhamos.
Em termos de indicadores económicos recentes tem-se procurado desvalorizar politicamente os mesmos. Ainda hoje, como dizia o INE acerca do índice de confiança dos consumidores e dos agentes económicos todos estão extremamente positivos, nomeadamente no sector da Construção, da Indústria, dos Serviços e do Comércio. O desemprego caiu no 2º trimestre. Obviamente, há quem diga que são sobretudo factores estruturais, mas analisando os números, um dos factores fundamentais para a queda do desemprego é a Agricultura e os Serviços, mas sobretudo a Agricultura que é onde são criados a maioria dos 72400 empregos. Há uma revolução, hoje, a acontecer em termos agrícolas.
Como nunca visto, estão-se a criar empresas em Portugal, sobretudo jovens. No primeiro trimestre foram criadas mais de 20 mil empresas, mais do que o número das que fecharam e o PIB cresceu mais do que 1,1% e muito provavelmente irá crescer mais no próximo trimestre. Deixem-me terminar respondendo à questão do Carlos. Acho que o país vive uma profunda crise, quer económica, quer financeira, quer social. Acima destas crises todas - e tem a ver muito com a nossa maneira de ser -, vivemos uma crise da alma, temos uma profunda descrença, uma falta de confiança nas nossas capacidades e no futuro. Os portugueses são pessimistas e fatalistas, o que se acentua nos momentos de dificuldades.
Mas, na minha perspectiva, sobretudo olhando para o que vos apresentei, nós somos muito melhores do que pensamos, temos muito mais potencial do que aquilo que acreditamos ser possível. Penso que isto se aplica ao mundo empresarial, à Economia, o que D. Manuel Clemente referiu quando lhe foi atribuído o prémio Pessoa - e aqui respondo à pergunta do Carlos: o melhor de Portugal pouco aparece e não há geralmente nos noticiários.
Há dezenas e mesmo centenas de empresas como a Logoplaste no país. Como dizia há pouco, fala-se de 60 mil milhões de euros de exportações, mas tenham a noção que isto nos mercados mais competitivos do mundo, como a Alemanha e a França, onde há milhares de empresas. Quando se pergunta porque é que crescem as exportações, desvaloriza-se logo dizendo que é a GALP, que são os produtos petrolíferos, mas não é, o crescimento está generalizado a todos os sectores.
Na Agricultura, nos Serviços, nos Transportes, todas as exportações têm crescido. A razão do reequilíbrio do saldo da balança comercial não tem a ver com as importações, mas sim com as exportações. Isto deve-se a decisões de milhares de empresas e de pessoas, que perante as dificuldades têm forças acrescidas e que têm sido a base, anonimamente - como disse o D. Manuel Clemente -, desta mudança que o país está a conhecer. São aqueles que vão estar na base da Economia que vai crescer e enriquecer, no 2º trimestre seguramente e a partir do próximo ano.
Muito obrigado.
[APLAUSOS]